Reter salários de funcionários é uma prática ilegal e criminosa, mas muito comum na Câmara dos Deputados, como atesta o deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ). Segundo ele, não raro os deputados ficam com parte do salário dos funcionários de seus gabinetes para fazer caixa para si mesmos ou para seus partidos.

Conforme reportagem publicada pelo site Congresso em Foco, num grupo de 14 comissionados ligados à liderança do PSC na Câmara, dez tiveram aumentos de até 569% e reduções de até 87% nos salários no período de 18 meses. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) defende uma investigação do caso e o corregedor da Câmara, ACM Neto (DEM-BA), considera as movimentações “estranhas”.

Biscaia, que é ex-promotor de Justiça, afirma categoricamente que, a exemplo do que acontece em outras casas legislativas, há deputados que ficam com parte dos salários de seus funcionários do gabinete, sob os mais diversos pretextos.

“Alguns parlamentares até admitem isso. Dizem: ‘Ah, não, espontaneamente alguém é contratado por R$ 5 mil e contribui com 20% para uma caixinha do mandato'”, diz o deputado. Outra pretexto usado é que o desvio no salário é contribuição “para o partido”.

(Jornal de Brasília)