O Ministério Público do Distrito Federal vai apurar eventuais exageros nos contratos assinados pelo GDF para bancar as comemorações de fim de ano na Esplanada dos Ministérios. A investigação, já em curso, está sendo conduzida pela 6ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público (Prodep) e vai analisar um a um os casos de dispensa de licitação e de consulta de atas de que o governo se valeu para viabilizar as festas natalinas.

A Secretaria de Cultura vai gastar, assim como revelou o Correio em sua edição de terça-feira, um total de R$ 6,8 milhões para financiar os eventos que começaram no Natal e terminam no ano-novo. A maior parte dos shows está sendo na Esplanada dos Ministérios. O governo vai pagar só em cachês de artistas R$ 3,6 milhões e outros R$ 3,2 milhões serão gastos com a estrutura do evento.

O volume de recursos, com os quais se poderia construir casas populares (130), escolas (quatro) ou até colocar em funcionamento leitos de UTIs (2,5 mil diárias), foi todo empenhado para as celebrações, o que despertou a indignação de internautas. No correiobraziliense.com.br, 129 pessoas deixaram suas opiniões sobre o assunto até o fechamento desta edição. Gente como Alexandre Miranda, que comparou: “Enquanto existem 50 pessoas na fila aguardando vagas na UTI, o GDF gasta R$ 7 milhões em festas em dias desnecessários”. E como Franklin Tinoco para quem o dinheiro das festividades “deveria ter vindo de patrocinadores e não dos cofres públicos”.

Uma das evidências sobre o possível excesso nas comemorações da Esplanada está na compra de itens básicos como água. O governo havia previsto a compra de 840 garrafas de 300ml para servir no camarim dos artistas contratados. Cada unidade a R$ 4,89. Mais caro que a água francesa da marca Perrier e quase cinco vezes o valor de marcas mais acessíveis, como a São Lourenço, cuja garrafa de 300ml sai a R$ 1,02. Um lanchinho com fruta, sanduíche de presunto, queijo, alface, tomate e refrigerante foi orçado em R$ 21,48. Diante da polêmica que os preços causaram, o GDF cancelou a água e o lanche.

Segundo o secretário de Cultura, Carlos Alberto de Oliveira, as compras seriam feitas por meio de ata de preço do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o que, segundo promotores da Prodep ouvidos pelo Correio, não justifica os valores apresentados. O tema festas, aliás, está na mira do Ministério Público não é de agora. Em julho, o ex-secretário Silvestre Gorgulho e a União das Escolas de Samba e Bloco de Enredo foram condenados pela Justiça, com base numa ação do MP, a devolverem aos cofres públicos R$ 2,4 milhões referentes ao patrocínio para o carnaval de 2008.

(Correio Braziliense)