“Esse é o maior índice alcançado em seis meses”, destacou o presidente do Ipea, Marcio Pochmann. Quando a pesquisa foi iniciada, em agosto de 2010, o índice era de 62,8 pontos. De lá para cá, o indicador subiu 7%. A pesquisa de janeiro foi feita em 3,8 mil domicílios de 214 municípios.
Segundo Pochmann, a população ainda não sentiu os efeitos das medidas de restrição ao consumo. “Pela expectativa em relação às decisões de compra e a avaliação sobre a situação financeira e econômica para os próximos 12 meses, a pesquisa mostra aumento do otimismo das famílias em relação a [perspectiva de] consumir mais”.
Os mais otimistas estão na Região Centro-Oeste, que registrou 76,6 pontos, 8,6% a mais do que a pontuação de dezembro (70,5 pontos). Em relação a agosto de 2010, quando a pesquisa foi iniciada, o registro é de queda do otimismo das famílias que vivem nas regiões Norte (- 2,1%) e Nordeste (- 1,8%), e de melhora das expectativas no Sul (+ 12,9%), Centro-Oeste (+ 12,5%) e Sudeste (+ 11,8%).
O presidente do Ipea admitiu que existe, de acordo com o IEF, uma desconexão entre as expectativas das famílias e as decisões que estão sendo anunciadas pelo governo federal. Embora a projeção seja de desaceleração do crescimento econômico, as famílias têm a percepção de que estarão em situação melhor do que há um ano. O Ipea projeta para este ano crescimento pouco acima de 5%. “Em algum momento, haverá algum ajuste, seja do ponto de vista das decisões governamentais, para desacelerar ainda mais a economia, ou uma melhor decisão, por parte dos consumidores”.
A pesquisa mostra que as pessoas com maior renda e maior escolaridade tendem a ter uma perspectiva mais otimista em relação à situação econômica e financeira do país. Pochmann lembrou que, na saída da crise internacional de 2008, ocorreu uma recuperação de empregos na base da pirâmide social, principalmente nos setores ligados à construção civil, à indústria e ao comércio. “Hoje, nós percebemos que o avanço dos investimentos vem permitindo às empresas contratar pessoas com mais alta escolaridade e remuneração mais alta. Por outro lado, a escassez de mão de obra qualificada faz com que as empresas passem a remunerar um pouco melhor os seus trabalhadores”. Isso aumenta o otimismo nas chamadas classes mais favorecidas, admitiu Pochmann.
A expectativa das famílias sobre a situação econômica do Brasil nos próximos 12 meses é de melhoria para 64% dos entrevistados. Esse índice sobe para 68,1% na região Centro-Oeste. Nos próximos cinco anos, a percepção é de melhoria da situação para 60,92% das famílias e de piora para 12,41%. De novo, o Centro-Oeste apresenta a melhor expectativa no médio prazo: 72,2%.
(Alana Gandra, Agência Brasil)