PNUMA estima que 2010 deve encerrar com investimentos globais entre US$ 180 bilhões e US$ 200 bilhões, superando os US$ 162 bilhões de 2009

 

Brasil, China e Ìndia estão representando a maior parte dos investimentos globais em energia renovável. Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA/ONU), denominado “Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza – Uma Síntese para Tomadores de Decisão” destaca que a expectativa do PNUMA é de que novos investimentos em energias limpas superem os US$ 162 bilhões verificados em 2009, e que alcancem algo entre US$ 180 bilhões e US$ 200 bilhões.

O estudo lista ações para que o mundo possa se encaminhar em direção à “economia verde”. Uma das principais conclusões do estudo é que a realização de investimentos que correponderiam a 2% do Produto Interno Bruto Mundial – cerca de US$ 1,3 trilhão – seria suficiente para iniciar a transição rumo à “economia verde”. Esse investimento, segundo a ONU, permitiria evitar riscos consideráveis, como os efeitos das mudanças climáticas. De acordo com a ONU, a economia com custos de capital e combustível para geração de energia elétrica em uma economia verde seria de US$ 760 bilhões entre 2010 e 2050.

“A combinação de medidas com foco na oferta e na demanda permitiria diminuir os preços da energia durante décadas, reduzindo a vulnerabilidade da economia (…) e contribuindo para a estabilidade e desenvolvimento econômico”, destaca o estudo, apresentado nesta semana em Nairóbi, na África.

O estudo ressalta que as energias renováveis podem ser uma estratégia rentável para eliminar o que eles denominam de “pobreza energética”. A estimativa do PNUMA é que sejam necessários US$ 36 bilhões por ano – ou US$ 756 bilhões até 2030 para levar eletricidade a todos os países do mundo – em torno de 1,6 bilhão de pessoas. A proposta é que se destine 1,25% do Produto Interno Bruto mundial para melhorar a eficiência energética e aumentar o uso de energias renováveis em busca de uma economia verde.

Esse investimento pode representar redução da demanda global de energia em 9% em 2020 e em 40% até 2050. Para a ONU, o segmento converteu-se em um importante polo gerador de empregos. “Calcula-se que em 2006 trabalharam no setor mais de 2,3 milhões de pessoas, direta ou indiretamente”, aponta o estudo, ressaltando que a maioria dos postos de trabalho estão localizados na Alemanha, Brasil, China, Estados Unidos e Japão.

Outra de várias recomendações do estudo do PNUMA indica que a construção de edifícios verdes e remodelação de prédios antigos que consomem muita energia podem trazer impactos significativos, considerando os benefícios da medida frente aos custos baixos de implementação. Segundo o estudo, a consultoria McKinsey demonstrou que é possível obter redução de 3,5 gigatoneladas de gás carbônico com diminuição de custo médio de US$ 35 por tonelada, com a aplicação da tecnologia existente e aproveitando-se a evolução das energias renováveis.

(Fábio Couto, da Agência CanalEnergia)