A tragédia no Rio de Janeiro repercute em todo o país, preocupando pais, alunos e entidades educacionais. Em Minas, quinta-feira mesmo o presidente da Federação das Associações de Pais e Alunos das Escolas Públicas, Mário de Assis, solicitou uma audiência na Assembleia Legislativa para debater a implantação de detectores de metal na entrada das escolas da rede estadual. Segundo ele, o que ocorreu na capital fluminense comprova que ninguém está imune à violência. “Ultrapassamos a fronteira do limite. Esse atirador matou no Rio, mas poderia ter sido em Belo Horizonte. Está mais do que na hora de a população, governo, igrejas e imprensa debaterem este problema”, frisou. Para Assis, alguns setores da sociedade não veem com bons olhos a revista e a instalação de detectores nas portas de escolas, no entanto, mais do que nunca, é necessário quebrar tabus.

“Tem revista e detector em todo lugar. Banco, aeroporto, alguns locais de trabalho. Não podemos lutar contra isso. Esses meninos que morreram inocentemente estavam na hora errada e no lugar errado? Não! Estavam em uma escola, estudando, e chega alguém com duas armas e sai atirando. Temos que fazer algo urgente”, cobrou.

O Estado de Minas conversou com alguns pais e profissionais de ensino da rede pública e particular sobre o massacre no Rio de Janeiro. Indignação, susto, preocupação, medo e até surpresa foram as reações. A empresária Silvana Kalil, de 45 anos, nunca imaginou que esse tipo de tragédia pudesse ser registrada no Brasil, pois é mais comum nos Estados Unidos. A filha, Eduarda, de 6, está estreando em um colégio, já que sempre estudou em escolinhas, e isso despertou mais atenção na mãe. “Fico com certo receio agora, com todos esses acontecimentos, ainda mais em uma escola com um número maior de alunos, mais movimentação de pessoas”, diz.

A publicitária Letícia Correia, de 40, confessa ter ficado apavorada com a notícia e credita esse tipo de comportamento do atirador ao ‘lema’ da nova geração de que ‘tudo pode’. “A falta de limite que vemos hoje é muito clara. Isso preocupa. Estou muito assustada”, expôs.

A diretora e professora de uma escola estadual, Marilda Gobira, diz que a violência é algo inerente à sociedade e faz parte da vida das escolas também, especialmente nas periferias. “Estou cansada de ouvir colegas comentando casos de alunos que entram armados e tal. Sou a favor de colocar detector de metais na entrada de alguns colégios, mas tem que saber até que ponto isso não fere o direito do outro”, salienta.

Fato isolado
Já o analista de sistemas Mário Jorge Torres, de 47, que é carioca, revelou que, por ter morado muitos anos em sua cidade natal, está acostumado com a violência, mas não deixa de se mostrar chocado com o sangrento episódio. “Vejo como um fato isolado, mas é claro que causa comoção, indignação. Porém, não estou mais ou menos preocupado com a segurança do meu filho na escola por causa disso”, declarou. Outro pai, Cleudson de Almeida, 45, também não vê ligação da chacina no Rio com a escola. “Foi uma fatalidade, que poderia ter ocorrido em qualquer lugar. Acho errado ficarem alardeando o fato, porque pode até estimular outras pessoas a cometerem a mesma coisa”, argumentou.

(Ana Clara Brant, Correio Braziliense)