Mais de 15 milhões de argentinos estão vivendo na pobreza – 3,3 milhões deles são considerados indigentes. Quando assumiu, Macri prometeu “pobreza zero” e previu “uma chuva de investimento estrangeiro”.

No primeiro semestre de 2019, o índice de pobreza na Argentina atingiu 35,4% da população, ou 15 milhões de pessoas. Deste total, 3,3 milhões (7,7%) são consideradas indigentes. O percentual de sem-teto também aumentou de 4,9% para 7,7%.

No recorte por idade, as crianças com menos de 14 anos são as mais atingidas (52,6%), 5 milhões vivem em famílias pobres e a falta de moradia infantil passou de 8% para 13,1%.

Os dados são do Instituto Nacional de Estatística do país (Indec), que constatou que em apenas um ano o índice de pobreza subiu 27,3% e 25,4% dos lares não conseguem pagar sequer uma alimentação básica. Como se refere apenas ao primeiro semestre deste ano, o levantamento não leva em conta a desvalorização de 12 de agosto e o aumento da inflação anual que chegou a 60%, portanto, a situação atual deve ser ainda pior.

Segundo o jornal Clarin, o índice atual é o mais alto da gestão do presidente Mauricio Macri, que assumiu no fim de 2015, com percentual de 29% de pobreza. Em 2017, a pobreza no país caiu, mas voltou a subir em 2018 e chegou a 27,3%.

Um cenário de queda dos salários reais, desvalorização das aposentadorias, perda de empregos e crescimento da informalidade em um contexto de retração da atividade econômica e de queda do poder de compra da população é apontado como responsável pelo resultado.

Espera-se que Macri termine o mandato com taxas ainda piores, devido à aceleração da inflação no semestre atual e à incerteza política e econômica após as primárias de 11 de agosto – que resultaram em ampla derrota para o atual presidente, que concorre à reeleição.

Ao assumir o governo, em dezembro de 2015, Macri disse que uma inflação moderada seria “fácil de alcançar”, prometeu “pobreza zero” e previu “uma chuva de investimento estrangeiro”.

A inflação já acumulou 30% entre janeiro e agosto deste ano, após atingir 47,6% em 2018; os investimentos não chegaram, apesar do apoio político dos Estados Unidos e de potências europeias. O desemprego atingiu seu ponto mais alto em 14 anos (10,6%). A moeda depreciou 68% desde janeiro de 2018.

A crise econômica começou a se agravar no fim do primeiro semestre de 2018, quando o dólar arrancou em disparada  – em um ano, quase duplicou seu valor frente ao peso.

O governo, já endividado, teve de acudir a uma linha de crédito do Fundo Monetário Internacional, que pediu uma política de austeridade mais dura em contrapartida.

A política de ajustes de preços, cortando subsídios da era kirchnerista (2003-2015), que já vinha ocorrendo de modo gradual, começou a se acelerar e a impactar ainda mais o bolso dos argentinos.

Candidato à reeleição, as chances de Macri diminuem a cada dia. Em 12 de agosto, o peronista Alberto Fernández venceu com 53,3% as primárias,  consideradas uma antecipação do que acontecerá na eleição final que será realizada em 27 de outubro. Macri conseguiu apenas 31,9% dos votos.

CUT Brasil