O brasileiro José Graziano da Silva foi eleito, neste domingo (26), para o cargo de diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). Ele derrotou, no segundo turno, o espanhol Miguel Angel Moratinos.

Graziano será o primeiro latino-americano a presidir a instituição encarregada de combater a fome no mundo. Ele sucede o senegalês Jacques Diouf, que ocupou o cargo de diretor-geral durante 17 anos.

Em votação de segundo turno, o brasileiro obteve 92 votos, sendo apoiado pela Indonésia e os chamados “países não-alinhados” do G-77, entre eles, boa parte da África. No primeiro turno, Graziano já havia superado Moratinos por 77 a 72 votos. As eleições foram realizadas neste domingo, em Roma.

Seu mandato vai de 1º de janeiro de 2012 a 31 de julho de 2015. Ele terá pela frente a dura tarefa de reformar um organismo internacional sob críticas pesadas –a instituição já foi acusada de ser vagarosa e desperdiçar dinheiro na execução de seus programas para combate a fome.

Graziano, que ocupa o cargo de diretor regional da FAO desde março de 2006, foi ministro da Segurança Alimentar e do Combate à Fome durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Na pasta, o agrônomo e economista foi coordenador da elaboração do programa Fome Zero.

Durante sua permanência na FAO, conseguiu que os países da América Latina e Caribe fossem os primeiros em nível mundial a assumir o compromisso de erradicar a fome antes de 2025.

FAO
A FAO, criada em 1945 com sede em Roma, conduz as atividades internacionais encaminhadas a erradicar a fome em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento.

Na prática, a organização viabiliza fóruns de discussão entre os países, para que eles possam se encontrar e negociar acordos.

Também é papel da FAO proporcionar conhecimento através de estudos e análises, além de fornecer assistência técnica e realizar projetos junto a 191 países.

Mas os principais projetos da FAO dizem respeito à luta contra a fome. Em setembro, a organização divulgou que a subnutrição no mundo diminuiu pela primeira vez em 15 anos. Segundo o relatório, em 2010 o número de pessoas subnutridas caiu de 1,02 bilhão para 925 milhões.

Para se ter uma ideia, as metas do milênio estabelecidas pela ONU falam na redução pela metade do número de subnutridos até o ano de 2015. Para cumprir a meta, daqui três anos este número terá de estar em cerca de 400 milhões de pessoas.

(Fonte: Portal Vermelho, com agências, 26.06.11)

Preços dos alimentos devem continuar altos por vários anos, diz Graziano

Brasília – O diretor-geral eleito da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José Graziano da Silva, disse hoje (27) prever que os preços dos alimentos continuarão altos por vários anos.

“Esse não é um desequilíbrio temporário. Enquanto não alcançarmos uma situação financeira global mais estável, os preços das commodities refletirão isso”, disse, em entrevista à imprensa, em Roma.

Segundo o ex-ministro brasileiro de Segurança Alimentar, países pobres que precisam importar alimentos serão os mais afetados e a FAO deve oferecer mais ajuda a eles.

“Nos próximos anos, essa será uma área mais relevante, na qual a FAO pode desempenhar um papel importante, ajudando esses países a lidar com a volatilidade.”

Graziano, de 61 anos, recebeu 92 dos 180 votos contabilizados ontem (26) nas eleições para o cargo de diretor-geral, segundo a assessoria de imprensa da FAO.

Representante regional da FAO para a América Latina e o Caribe desde 2006, ele ocupará o novo cargo de janeiro de 2012 a julho de 2015.

(BBC Brasil, 27.06.11)