O ministério da Saúde ampliou o programa de tratamento para pacientes portadores do vírus da hepatite C. O órgão estendeu o tempo de tratamento para quem responde a ele de maneira lenta, aumentando de 42 semanas para um ano e meio (78 semanas) o período de recuperação. A secretaria de Saúde do Distrito Federal estima que, atualmente, 24 mil pessoas estejam infectadas no DF, mas que somente mil saibam que têm a doença.

Mesmo entre aqueles que sabem que estão com hepatite, a quantidade de pessoas em tratamento é baixa, apenas 7%. O número corresponde aos 70 pacientes, em todo o DF, que se tratam com o medicamento adequado. Os dados nacionais também são bastante pequenos: apenas 12 mil, entre os quase três milhões de brasileiros.

Segundo a infectologista e chefe da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep), Sônia Maria Geraldes, o vírus da hepatite C possui seis variações. A mais comum no Brasil é a do tipo 1, uma das mais difíceis de se tratar. “Pacientes com o genótipo tipo 1 são submetidos a uma avaliação de carga viral na primeira semana. Na décima segunda, passam por um outro exame. Caso a carga não tenha diminuído pelo menos 100 vezes, eles são considerados pacientes de lenta resposta. E são esses paciente que serão os principais beneficiados.”, explica a diretora.

A transmissão ocorre por meio de sangue contaminado, portanto, usuários de drogas injetáveis e pessoas que receberam transfusão sanguínea antes de 1993 devem fazer o teste em qualquer posto de saúde. “O vírus foi descoberto em 1989, mas o teste que o identifica só veio em 1993”, esclarece a infectologista. Ela explica também que, diferente do que ocorre com a hepatite B – uma Doença Sexualmente Transmissível – a do tipo C só é transmitida por relações sexuais quando há sangramento mútuo, o que dificilmente acontece. Ainda assim, é recomendável a pacientes que têm a doença, usarem preservativo.

“Por ser uma doença silenciosa e assintomática, é comum que pessoas infectadas só descubram que tem hepatite quando o vírus já atingiu o fígado, causando cirrose hepática ou mesmo um câncer” disse a diretora da Divep.

Quando fazer o teste
Qualquer pessoa que suspeitar ter entrado em contato com sangue contaminado deve fazer o teste. Usuários de drogas injetáveis, pessoas que receberam transfusão ou transplante antes de 1993, frequentaram manicure ou barbeiro que não esterilizaram o material ou trocaram a lâmina, e quem tenha feito tatuagem ou posto piercing em estabelecimento que não respeita regras de higiene devem procurar um hospital, centro de saúde ou o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da Rodoviária. O teste é gratuito e fica pronto em sete dias.

Onde se tratar
Quando o teste apresenta resultado positivo, o paciente é encaminhado para o tratamento de acordo com o endereço. Quem mora no Plano Piloto, por exemplo, recebe atendimento nos Hospitais de Base, Universitário, da Asa Norte ou Asa Sul. Há ainda alguns centros de saúde aptos para o tratamento. Moradores de outras regiões administrativas são encaminhados para os respectivos hospitais regionais. O baixo número de pessoas em tratamento, quando comparado com o número de infectados, deve-se aos altos índices de desistência e dificuldade de diagnóstico.

(Correio Braziliense)