O episódio ocorrido no último dia 20 em que o quarto trabalhador da Eletrobras morreu tragicamente após a privatização da empresa, isto dentro de um cenário de medo e insegurança do futuro, foi estarrecedor e acendeu todas as luzes de alerta possíveis.

Reestruturações sem justificativas e sem comunicação prévia feitas por consultorias contratadas que não conhecem o negócio e, sem a participação dos profissionais altamente qualificados que compõem o quadro técnico e gerencial da Eletrobras são um dos exemplos do assedio moral coletivo ao qual a categoria eletricitária que compõem a maior empresa de energia elétrica da América Latina está atualmente exposta.

Em momento de clima de saúde ocupacional péssimo/ruim, conforme pesquisa realizada pelo CNE de forma geral no início do ano, a Eletrobras demonstra que seus atos são contrários ao seu discurso. Na teoria existem documentos internos, protocolos de objetivos de desenvolvimento sustentável firmados pela Eletrobras, indicadores de ESG tentam colocar a Eletrobras como uma empresa com boas práticas sociais.

Na prática, a nova gestão privada deixa técnicos sem função, exclui pessoas de reuniões e decisões de equipe, faz com que viagens sejam de 15 a 30 dias ininterruptos sem acesso à família. Nos corredores, o discurso de que as pessoas são descartáveis e, ainda, a audaciosa proposta de redução salarial e corte de diversos direitos e benefícios enquanto essa mesma gestão se beneficia de excelentes remunerações. Podemos citar ainda as vergonhosas práticas antissindicais cometidas para tentar desmobilizar a categoria. A prática não condiz com a imagem teórica de boa empresa que a Eletrobras quer passar aos investidores.

Em meio ao clima de comoção, dúvidas e temor do que ainda está por vir, a alta direção da Eletrobras ao invés de olhar para seu quadro de pessoal com empatia, prefere seguir na toada do desmonte de todo o arcabouço de amparo à saúde física e mental existente na empresa.

Desconsiderando totalmente o pedido do CNE de suspender a segregação do plano de saúde entre ativos e aposentados, a Eletrobras deu prosseguimento à migração da carteira dos ativos para os planos de saúde de mercado Bradesco e Unimed e os primeiros reflexos já começaram a aparecer.

Diversas ligações para as entidades sindicais por parte daquelas pessoas que estão em tratamento psicológico informando que as guias começaram a ser rejeitadas. Tratamentos serão interrompidos por conta do ato irresponsável da Eletrobras em simplesmente migrar os planos sem se preocupar com a saúde física e mental da categoria. Um mês de sobreposição entre planos não resolve o problema.

É inaceitável que a Eletrobras ignore a condição real desta categoria tão estratégica para o funcionamento do Brasil. Por este motivo, o CNE conclama a todas as pessoas que preencham a pesquisa sobre a saúde mental. A pesquisa não solicita nenhuma informação pessoal, garantindo total sigilo sobre as respostas.

Você pode clicar no link a seguir: https://forms.gle/fWJW6cPaEhCoGBVT8.

A participação é uma forma de demonstrar que sim, nossa categoria precisa ser olhada com atenção, com respeito e dignidade. Nosso serviço é estratégico e perigoso. As pessoas, sem o devido acompanhamento de saúde estão expostas ao risco de acidente e/ou morte e isso tem que estar na pauta do ESG, do ODS que tanto a alta direção quer demonstrar para fora.

Não podemos permitir que tenhamos mais perdas nesta empresa que já foi motivo de orgulho para nós trabalhadores e trabalhadoras.

Fique atento à chamada de sua entidade sindical! Fortaleça esse movimento!

ELETRODIGNIDADE: POR RESPEITO E VALORIZAÇÃO DA CATEGORIA ELETRICITÁRIA!