Enquanto a gestão privada da Eletrobras comemora aos 4 ventos o lucro extraordinário do terceiro trimestre, salto de 588% em relação ao ano passado, a categoria eletricitária amarga medo, pressão e opressão. O resultado do balanço deixa claro que a tal “meritocracia” não passa de uma justificativa distorcida e injusta para maximizar lucros e concentrar benefícios nas mãos de poucos, enquanto se impõe uma cultura de medo sobre a grande maioria da categoria.

Executivos são recompensados com bônus desproporcionais baseados no desempenho financeiro, enquanto a categoria é obrigada a lidar com cortes, perda de diálogo interno, demissões e uma atmosfera de insegurança. Esse modelo, longe de oferecer oportunidades iguais, reforça uma lógica de exploração: privilegia-se uma elite corporativa que se beneficia da maximização dos lucros, enquanto a maioria enfrenta a “cultura do medo”, um ambiente onde o temor de perder seu ganha pão se sobrepõe à voz e à dignidade da categoria.

O Conselho de Administração é totalmente dominado por interesses que priorizam a remuneração exorbitante dos executivos e a distribuição de dividendos aos novos donos da Eletrobras. O resultado é um cenário em que a diferença salarial entre o presidente e a média do quadro técnico atinge níveis indefensáveis, exorbitantes e inexistente no mercado. Ao mesmo tempo, qualquer crítica ou sugestão de melhoria é descartada, e os que ousam se posicionar de forma contrária são silenciados, “encostados” e candidatos a serem demitidos. Esse ambiente, onde impera a intimidação e o desprezo pelas pessoas altamente qualificadas serve apenas para perpetuar as desigualdades e aprofundar a disparidade entre os que possuem poder, mas não conhecem a empresa e os trabalhadores (as), que trazem os resultados para a empresa, mas são continuamente explorados e assediados moralmente.

A categoria está tão à margem dos interesses da gestão da Eletrobras, que a única vice presidência que deveria cuidar e orientar as trabalhadoras e trabalhadores da empresa está vaga. Com aumento vertiginoso de acidentes de trabalho, atestados médicos, afastamentos por doenças relacionadas à pressão e ao medo de estar neste ambiente de trabalho, as pessoas não tem a quem recorrer. Eliminaram-se os canais de diálogo, agora tudo é feito por um sistema robotizado que não responde às dúvidas. Pedidos de coisas rotineiras como reembolsos, pagamento de férias, até mesmo as rescisões contratuais vêm cheios de erros.

É inaceitável que uma empresa do setor de energia, estratégico para o desenvolvimento nacional, do porte da Eletrobras atue com tamanha ganância, à custa do bem-estar de seu quadro de profissionais e do progresso do país. A Eletrobras, signatária de diversos selos, entre eles Embaixadora da Transparência, e com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável deveria repensar seu modo de fazer gestão de pessoas, pois o que vemos hoje é gestão de ativos, mesmo assim deficiente e não de pessoas. O Brasil precisa de empresas comprometidas com o bem comum, e não de gestões que perpetuam a disparidade entre a remuneração dos diretores e a dos trabalhadores, além de priorizar o lucro, em detrimento da segurança energética do país. Apesar de toda a cultura do medo e da exploração é necessário e urgente combater o mito da meritocracia como justificativa para práticas desumanas.

O STIU-DF não aceitará, em hipótese alguma, a exploração das trabalhadoras e dos trabalhadores da Eletrobras e a perpetuação das desigualdades, e nem que a ganância se sobreponha ao respeito e à dignidade humana.