Relatório da Andrade & Canellas prevê um aumento de 190.108 GWh na demanda para abastecer os novos automóveis

A adoção dos carros elétricos ajudaria a minimizar de forma significativa um grave problema enfrentado pela sociedade, que são as mudanças climáticas. Com estes veículos impulsionados pela eletricidade, as emissões de gases de efeito estufa (GEE) cairiam bastante. Porém, um estudo do escritório de consultoria Andrade & Canellas faz um alerta. A substituição de toda a frota de carros leves existente – movidos a etanol ou combustíveis derivados do petróleo – por automóveis elétricos exigiria uma produção adicional de mais 190.108 GWh por ano do parque gerador brasileiro. Isso significa que seria necessário construir cinco hidrelétricas de Belo Monte ou três usinas como a de Itaipu para dar conta desse aumento de demanda.

Dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) mostram que o Brasil possui hoje aproximadamente 39 milhões de carros emplacados sendo que cada um consome, em média, 1,4 toneladas equivalente de petróleo (tep) por ano, o que leva a um gasto total de 54 milhões de tep pela frota de automóveis leves. De acordo com o estudo, esse volume se deve ao nível de desempenho dos motores a combustão interna, com 27% de eficiência. Os motores elétricos apresentam um nível de eficiência bem superior, de 90%.

De forma, cita o estudo, o consumo total de combustíveis seria reduzido para cerca de 16 milhões de tep ao ano. Mas exigiria uma produção elétrica maior. O estudo exemplifica que só a usina de Itaipu produziu em 2010, 71.744 GWh. Pouco mais de um terço do total previsto para abastecer os carros elétricos. Já a usina de Belo Monte, quando estiver operando de forma plena, deverá ter uma geração anual de 39.360 GWh.

“Em princípio, os veículos elétricos são opções interessantes para descarbonização da matriz de transportes. Mas é preciso atenção porque a eletricidade para abastecê-los terá de ser produzida de alguma forma, o que exigirá investimentos significativos no parque gerador e na infraestrutura de transmissão e distribuição”, explicou a gerente do Núcleo de Energia Térmica e Fontes Alternativas da Andrade & Canellas, Monica Rodrigues de Souza.

Mônica lembra que é necessário considerar algumas questões econômicas. Segundo ela, a produção de petróleo subirá muito nos próximos anos e, diante desta perspectiva, a questão do carro elétrico precisa ser avaliada de maneira mais ampla, “não apenas como uma panacéia que resolverá todo o problema da mudança climática”, conclui ela.

(Agência CanalEnergia)