O mês de março chega e coloca na agenda do movimento sindical cutista uma responsabilidade redobrada para a organização da luta por mudanças estruturais na nossa sociedade, centradas na mobilização em defesa da valorização do trabalho com distribuição de renda, articulada a ações por liberdade e autonomia sindical.
A greve nacional dos trabalhadores da educação em defesa do Piso e a mobilização dos servidores federais contra o arrocho e por aumento real de salário são dois exemplos vivos e contundentes da determinação da CUT, de suas Confederações, Federações e Sindicatos para romper a camisa de força do atraso.

Defender o protagonismo do Estado e o fortalecimento do mercado interno, com a redução dos juros e do elevado superávit primário – que recentemente corroeu mais R$ 55 bilhões do Orçamento brasileiro, dinheiro da Saúde, da Educação e demais áreas sociais aos especuladores – é tarefa de todos e de todas. Não podemos permitir retrocessos, nem que o país tenha enfraquecidos seus mecanismos de defesa diante da crise financeira em que se veem mergulhadas as economias dos países capitalistas centrais com seu receituário neoliberal, de privatização, arrocho e precarização de direitos.

É com o povo nas ruas, com a classe trabalhadora mobilizada ao lado dos movimentos sociais, que vamos garantir mais e melhores empregos, o aumento da massa salarial e a distribuição de renda, afirmando a pauta da classe trabalhadora, que continua trancada no Congresso Nacional. Redução da Jornada de Trabalho Sem Redução de Salários; ratificação e implementação das Convenções 87, 151, 158, 156 e 189 (além de outras); o fim do fator previdenciário e valorização das aposentadorias; o combate à precarização e à terceirização; o fim do imposto sindical – e sua substituição pela contribuição da negociação coletiva; o combate às práticas antissindicais; o combate ao trabalho escravo com políticas de proteção aos trabalhadores/as contra essa prática; o aperfeiçoamento das políticas públicas ambientais, de mulheres, juventude, combate ao racismo e de inclusão social, reforma agrária e política agrícola; a defesa da democratização da comunicação; o combate a todas as formas de discriminação; a proteção à saúde dos/as t
trabalhadores/as nos locais de trabalho, são algumas de nossas prioridades.

Como destaca a última resolução da nossa Executiva Nacional, “este conjunto de ações representa uma alternativa consistente, na perspectiva da luta de classes, contra os receituários neoliberais de ajustes fiscais e redução do papel do Estado, que para salvar os bancos e grandes empresas capitalistas na situação de crise mundial que assistimos, tem se traduzido, particularmente no âmbito da União Européia, em demissões massivas, arrocho nos salários, cortes nos direitos e benefícios. Medidas irresponsáveis que apenas jogam mais gasolina na fogueira, mas que continuam a ser propagandeadas como solução para a crise que se agrava nos países capitalistas centrais”.

Num ano eleitoral, onde distintas concepções de Estado se confrontarão, cresce ainda mais o papel de cada um e cada uma para combater e vencer o retrocesso neoliberal.

Diante da complexidade e dos desafios da conjuntura, é hora de articular a ação das CUTs estaduais e Ramos, municiando a nossa militância para ocupar as ruas em defesa do nosso projeto de desenvolvimento e de país.

(Quintino Severo, secretário geral da CUT Nacional, 28.02.12)