Muitos motoristas do Distrito Federal não têm respeitado o Código Nacional de Trânsito. De acordo com o Departamento de Trânsito (Detran-DF), durante o ano de 2011, foram registradas 1.901.719 infrações. E muitos desses infratores estão com dívidas em aberto. No ano passado, mais da metade das multas aplicadas estava vencida. Do total, 622.254 infrações não estavam quitadas, número correspondente a R$ 84 milhões, segundo o Detran-DF.

Em primeiro lugar entre os inadimplentes estão os condutores que cometeram infrações por velocidade acima da permitida, com 318.345 multas não pagas – o equivalente a R$ 27 milhões. O avanço de sinal vermelho do semáforo vem em segundo lugar, com aproximadamente 99.882 multas não pagas no valor de R$ 19 milhões.

Transitar em velocidade superior à máxima permitida (entre 20% e 50%) e deixar de usar o cinto de segurança também entram na lista de multas atrasadas, com 51.630 multas (R$ 6,5 milhões) e 16.226 multas não pagas (R$ 2 milhões), respectivamente.

No último dia 9, o Detran retirou das ruas o veículo do quinto motorista do DF com maior número de multas. Ele já teve 630 infrações registradas desde 2006 e acumula R$ 70 mil em dívidas. O carro foi flagrado na manhã do dia 7, na entrada da 114 Norte. Entre os débitos constam IPVA atrasado, falta de licenciamento e de seguro obrigatório.

O carro foi guinchado para o depósito e só poderá ser retirado quando quitar todos os débitos. No entanto, o veículo vale cerca de R$ 23 mil, o que equivale a um terço do total das dívidas. O dono tem 57 anos e a maioria das multas dele e dos demais infratores foi por excesso de velocidade.

Impunidade

Para evitar que os maus condutores e pagadores continuem impunes, o Detran identificou os cem maiores infratores do DF. Para realizar os flagrantes e apreender os carros, agentes do órgão estão monitorando os endereços e lugares que esses motoristas costumam frequentar. A ação tem sido constante, pois os cem maiores infratores do DF somam 49.729 pontos, com média de 497 pontos para cada, sendo uma soma de 71 infrações gravíssimas.

O aposentado José Ferreira Lima, 70 anos, afirma que faz parte das estatísticas e já levou três multas por trafegar acima da velocidade, mas que agora tem mais cautela ao dirigir. “Depois que levei as multas, comecei a andar no limite, pois eu prezo muito a minha habilitação, não quero perdê-la. Sei que muitas das multas são tomadas por pessoas imprudentes e eu não quero ser taxado como um deles”, afirma.

Para a gerente financeira Isabel Cristina, os motoristas devem ser mais responsáveis e o Detran se empenhar mais na captura dos maus condutores. “Nunca levei uma multa e acho que deveria ter mais conscientização. O governo deve ser mais ativo, pois tem sido um absurdo esses motoristas no trânsito. Tem de ter mais fiscalização, inclusive, para os próprios veículos do governo. Já vi vários deles estacionados onde não pode”, afirma.

(kamila Farias, Jornal de Brasília, 13.03.12)