No Distrito Federal há mais de 573 mil pessoas com pelo menos uma necessidade especial, segundo pesquisa do Censo 2010 divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pessoas com severa deficiência visual, motora e auditiva representam 22,3% dos mais de 2,5 milhões de brasilienses. Entretanto, apesar de Brasília ser considerada uma cidade planejada, tudo indica que não está preparada ainda para receber essa parcela da população, que sofre diariamente com as mais terríveis dificuldades.

Calçadas desniveladas e quebradas, ônibus com elevadores quebrados, vários pontos públicos sem acesso à deficientes físicos, ou mesmo sinalização adequada nas pistas, são apenas alguns dos principais exemplos.

Para se ter uma idéia, um levantamento realizado este ano pelo Mobilize Brasil – portal dedicado a mobilidade urbana sustentável no país – detectou que todas as regiões da capital apresentaram irregularidades nas calçadas, com exceção do Setor Hoteleiro. A falta de manutenção foi o principal problema apontado. Segundo o estudo, as calçadas também não oferecem acessibilidade plena a deficientes físicos e idosos.

Quem enfrenta as dificuldades todos os dias conta que muitas mudanças precisam ser feitas, até Brasília alcançar um patamar mínino de acessibilidade. A aposentada e deficiente visual Elisângela de Oliveira, 39 anos, é uma das que precisa enfrentar todos os dias a odisséia de transitar no Distrito Federal.

“Para quem é cego andar no DF é um terror”, resumiu Elisângela. Além de ser obrigada a percorrer calçadas quebradas, incompletas e cheias de obstáculos, precisa correr os riscos de atravessar faixas de pedestre apagadas e sem qualquer sinalização sonora.
“Na Asa Sul e Norte é horrível. Vários pontos de ligação entre as quadras não tem calçadas, e quando tem, há um carro estacionado. Corremos risco de todos os jeitos”, apontou.

Apesar de morar na QN 16 do Riacho Fundo II, local conhecido como Vila dos Cegos, justamente por possuir quatro conjuntos reservados pelo governo para atender as necessidades dos deficientes visuais, ainda assim sofre transtornos quando percorre a região.

(Leandro Cipriano, Jornal de Brasília, 2.05.12)