O tempo médio para o conserto de um poste público atingido por veículo aumentou no Distrito Federal. Segundo a Companhia Energética de Brasília (CEB), as equipes de manutenção levavam, em média, até quatro horas e quinze minutos para fazer os reparos. Atualmente, este período se estendeu para até quatro horas e trinta minutos. O motivo? O trânsito caótico da capital federal. Com isso, a população fica mais tempo sem energia em casa ou iluminação pública. E como os engarrafamentos estão cada vez mais frequentes, se nada for feito, a situação tende a se agravar.


“Nós estávamos demorando quatro horas e quinze minutos para substituir um poste abalroado se não tiver vítima. Se tiver vítima só posso entrar lá depois que a perícia da Polícia Civil libere. Antes disso fica tudo sem luz, não pode mexer. Estamos demorando mais tempo para consertar os postes porque o trânsito em Brasília complicou”,  explica o diretor-geral da CEB, Rubem de Fonseca Filho. “Então, estamos a cem metros do poste e está tudo paralisado. Quando tem chuva complica mais. Paramos no trânsito e não chegamos ao poste. Tudo está interligado. Não é apenas o tempo. A cidade também conflita”, completa.

 

Conforme dados oficiais da CEB, a cada dia chegam pelo menos cinco reclamações de postes atingidos por veículos. Deste total, em média, dois casos necessitam de reparo. Os postes se dividem em duas categorias. Existem os postes de iluminação pública e os postes da rede aérea, responsáveis pela transmissão de energia. Aliado ao problema do trânsito, as colisões em postes estão ficando cada vez mais presentes na rotina brasiliense.

 

No levantamento da CEB, em 2010, foram 345 postes da rede aérea abalroados, o que representa uma média de 28 por mês. Em 2011, o total de abalroamentos chegou a 394. Trata-se de uma média de 32 mensais. Por outro lado, a média mensal de postes de iluminação é de 30 casos.


Além de desconforto pela falta de luz nas ruas, residências, comércio e indústria, a questão também envolve muito dinheiro. O custo para o reparo de postes é elevado, indo de R$ 1,2 mil até R$ 7 mil. A princípio, a responsabilidade pelo pagamento é do condutor do veículo. Mas alguns escapam do local após os acidentes e a conta acaba nos cofres públicos.


A demora para o conserto dos abalroamentos é uma das grandes preocupações da companhia. Ao longo dos últimos meses, a empresa havia conseguido melhora em indicadores de qualidade de serviço. De fevereiro para março, as ocorrências de falta de energia diminuíram em proporção.

 

O tempo médio em que as unidades consumidoras ficaram sem energia (cuja sigla técnica é DEC) caiu 49%. O período que indica o número de vezes em média que ocorreu interrupção no fornecimento (tido tecnicamente como FEC) dessas unidades caiu 39%. Estes indicadores positivos estão ficando ameaçados em função  dos abalroamentos.


O gerente de Manutenção de Rede Aérea, Belmar José Vieira, vive o problema diariamente. A partir das 8h, qualquer deslocamento fica comprometido, mesmo sem engarrafamentos. No caso de congestionamentos,  pontuais ou generalizados, a situação fica ainda mais complicada. “Tivemos, no final de um expediente, um carro que ficou uma hora preso no trânsito”, conta o gerente.

 

(Francisco Dutra, Clica Brasília, 28.05.2012)