Para os que sofrem constantemente com apagões, a falta de investimentos sugerida pelo relatório deste ano não é surpresa. Apenas em janeiro deste ano, a CEB  recebeu mais de nove mil reclamações – 70% delas por queda de energia. No ano passado, foram registradas 110 mil reclamações.

 

Águas Claras costuma ser uma das regiões administrativas mais afetadas pelos apagões. “Dizem que é por causa do metrô, mas acho que é falta de manutenção. A demanda de energia é alta para tantos prédios”, opinou a secretária Larí Kojoroski, 50 anos, moradora na Avenida Castanheiras.

 

Para o comerciante Euzébio Quintino, 40 anos, que possui uma lan house dentro da sua papelaria, na época de chuva a situação é ainda pior. “Às vezes, a energia cai três vezes por dia. Agora que não está chovendo, está melhor”, disse.

 

Já o auxiliar técnico de informática Ricardo Souza diz que a procura por clientes na loja em que trabalha é grande depois que ocorrem os apagões. “Muitos equipamentos ficam queimados com a queda de energia. Principalmente impressoras”, revelou.

 

A comerciante Evanete Alves Dias, 47 anos, afirma que este ano a rua onde está sua loja de lavagem de roupa ficou várias vezes sem energia. “Atrasa a entrega  e os clientes reclamam. Tudo o que a gente faz depende de energia”, contou.

 

Problema na aplicação

O professor de Eletromagnetismo da Universidade Católica de Brasília (UCB) Diego Nolasco explica que o problema dos apagões não está relacionado à geração de energia, mas na distribuição da eletricidade, onde não são  aplicados os recursos devidos. Nos últimos anos,  a CEB herdou problemas graves nesse setor, tendo que correr atrás do prejuízo agora.

 

“Como  têm um prazo para utilizar os R$ 480 milhões –  até o final do ano –, eles vão acabar fazendo sem o devido planejamento. Para cumprir com as  obras necessárias, é preciso um tempo adequado. Mas acabarão fazendo medidas paliativas, e isso acarreta em mais problemas na distribuição de energia”, observou o professor Nolasco.

 

Especialistas acreditam que a solução para melhorar o sistema seria a sinalização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em aprovar um empréstimo de R$ 609 milhões à CEB. A direção da companhia espera que com a melhoria da situação financeira, a empresa possa investir em uma distribuição mais eficaz de energia elétrica. Mas, até o momento, a liberação da verba está em negociação entre representantes do banco e do GDF.

 

Contudo, o diretor de Engenharia da CEB, Mauro Martinelli, revela que estão em andamento desde o anos passado obras de média e baixa tensão que pretendem investir mais de R$ 30 milhões na qualidade da energia fornecida aos consumidores do DF.

 

Também foi aprovado pela Eletrobrás um financiamento de R$ 49 milhões para obras de grande porte no DF, que serão iniciadas este ano. Além disso, a Eletrobrás está analisando outro pedido de financiamento, na ordem de R$ 18 milhões, para a manutenção das redes aéreas de média tensão – responsáveis pelo cabeamento dos postes.

 

“No início da semana que vem a CEB enviará à Eletrobrás um novo pedido de financiamento das redes subterrâneas  de média tensão, no valor de R$ 20 milhões. É preciso fazer uma troca total dos cabeamentos, trazer novos alimentadores de média tensão e retirar os antigos”, informou Martinelli. Em Águas Claras, é prevista a ampliação da subestação de energia, ficando concluída até dezembro deste ano.

 

(Clica Brasília, 22.06.2012)