Privatizar não é a solução. Este foi o tema do Seminário realizado em Goiânia neste sábado (5) pela Plataforma Operária e Camponesa de Energia, que busca conter as investidas de setores empresarias para que as empresas públicas brasileiras sejam privatizadas. Participaram do encontro trabalhadores e trabalhadoras da Petrobras, da saúde, educação, atingidos por barragens e do setor elétrico de Brasília e Goiás.

O encontro foi realizado em Goiânia por causa do interesse dos governos estadual e federal em privatizar a empresa de distribuição de energia em Goiás, a Celg. Essa seria a primeira de uma série de privatizações no setor, conforme já anunciou o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga. Na lista de distribuidoras a serem privatizadas também aparecem a Ceal (Alagoas), Cepisa (Piauí), Eletroacre (Acre), Ceron (Rondônia), Amazonas Energia a CEA (Amapá) e a CERR (Roraima). Em Brasília, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) tentou por duas vezes iniciar um processo de privatização na CEB, mas teve que recuar devia à mobilização da categoria.

Na avaliação do conselheiro Fiscal do STIU-DF, Boréu de Alcântara, que foi representando o presidente da Federação Nacional dos Urbanitários, Pedro Rosário, a categoria precisa sugerir um projeto alternativo. “Não basta ser contra a privatização é preciso propor ideias novas e é isso que estamos fazendo aqui em Goiás. Creio que a criação da Empresa Nacional de Distribuição de Energia seria uma alternativa”, disse.

Em um ponto, todos os palestrantes concordaram, a privatização piora a qualidade do serviço prestado à população e aumenta consideravelmente o valor da tarifa. Seja aqui no Brasil, seja em qualquer parte do mundo.

O diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Moraes, destacou que após a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, o preço da gasolina vendida à população iraquiana aumentou quase cinco vezes. “A exemplo do Brasil, o Iraque tinha uma empresa pública para extrair o petróleo. Ela cobrava 6 dólares o barril para o povo iraquiano. Após a invasão, a Shell passou a fazer a exploração e agora cobra 27 dólares o barril”, alerta.

O membro da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Robson Formica, destacou que os interesses empresarias sempre estão dispostos a fazer de tudo para alcançar seus objetivos. Seja por intervenções militares, espionagem ou pelo uso da força policial. “Uma forma de acumular mais riqueza é se apropriar de recursos e bens públicos e tornar mercadoria tudo aquilo que não é. Como aconteceu com a energia antes da privatização”, disse.

O ex-dirigente sindical do STIU-DF, Jeová de Oliveira, explicou que governos interessados em privatizar empresas públicas têm uma estratégia. Primeiro sucateiam as estatais e depois dão as condições para que os meios de comunicação massifiquem a ideia de que a única alternativa é privatizar.

“Na CEB, no início dos anos 90, havia cerca de 2 mil trabalhadores para aproximadamente 500 mil consumidores. Hoje, não chaga a mil eletricitários para atender quase um milhão de consumidores”, disse Jeová.