Frente à receita neoliberal de manter cada vez mais distante a elite das classes populares, os movimentos e organizações de esquerda, em toda América Latina, têm que superar as contradições políticas existentes e buscar manter a força popular mobilizada contra as medidas de retrocesso.

A instabilidade política e econômica que vivenciamos não se trata de um fato isolado da conjuntura nacional. O crescimento de movimentos conservadores é um processo que vai além das fronteiras brasileiras. No entanto, o avanço neoliberal representa para o País uma das mais urgentes e preocupantes disputas.

Nos últimos 15 anos vimos um ciclo progressista ganhar forças em parte da América Latina, promovendo o acesso aos bens de consumo e, em menor escala, aos bens sociais. Acontece que, na atualidade, estamos num processo de esgotamento e desestabilização desse modelo reformista.

Argentina, Brasil e Venezuela são exemplos substanciais dessa tentativa de enfraquecimento do governo e das políticas públicas implantadas nesse último período.

Na argentina, após assumir a presidência do País, Maurício Macri, lançou uma série de ataques contra a classe trabalhadora, apenas no setor público, de acordo com a Associação de Trabalhadores do Estado, o número de demitidos ultrapassa 20 mil. Além disso, o governo anunciou um pacote de aumento das tarifas dos serviços, somente nas contas de energia a população vai sentir no bolso um reajuste entre 200% e 600%. A Venezuela enfrenta um acirramento com as potências capitalistas, em especial, a disputa pelo petróleo.

No Brasil, a ofensiva vem por todos os lados, a começar pelo golpe gestado por setores retrógrados do governo para afastar a presidente, Dilma Rousseff, eleita democraticamente. Esse fato é um pequeno embrião de toda articulação para consolidar um novo alinhamento econômico, político e ideológico.

Em resumo, o que se apresenta conforme definição do filósofo Noam Chomsky é um “ataque incansável da minoria próspera aos direitos da multidão inquieta”.  Ataque a um projeto de desenvolvimento, a soberania e integração latino-americana com base no retrocesso das políticas públicas de acesso à saúde, educação, ao mercado de trabalho, bem como, o enfraquecimento e dissolução dos direitos da classe trabalhadora.

Frente à receita neoliberal de manter cada vez mais distante a elite das classes populares, os movimentos e organizações de esquerda, em toda América Latina, têm que superar as contradições políticas existentes e buscar manter a força popular mobilizada contra as medidas de retrocesso, que perpassa pela retirada de direitos dos trabalhadores e a abertura total ao processo de privatização de todos os serviços. Somente com o protagonismo da classe trabalhadora, do movimento estudantil, social e sindical será possível inverter e modificar as relações de força.

Fonte: Jornal Energia Alerta – Edição nº 36.