Defendendo interesses empresariais que colocaram Michel Temer na presidência interinamente, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira, declarou nesta terça-feira (23) que vai abaixar o preço mínimo para a privatização da Celg – empresa de distribuição de energia em Goiás. O objetivo, segundo ele, é para que o valor de venda “seja atrativo” para o grupo empresarial que for comprar a estatal.

No dia 19 passado, o leilão da empresa foi suspenso por falta de interessados. O preço mínimo estipulado ainda no governo Dilma foi de R$ 2,8 bilhões, o que já era muito aquém das dívidas contraídas e dos “investimentos” realizados.

Para compreender melhor essa negociata que está sendo feita agora pelo governo Temer é preciso resgatar um pouquinho da história.

Em 2012, o estado de Goiás detinha 99% das ações da Celg-D. Como possuía uma dívida de R$ 6,4 bilhões com o governo federal (sendo R$ 2,4 bi com a Eletrobras), o governador Marconi Perillo (PSDB) fechou um acordo passando 51% das ações da empresa para a Eletrobras.

Pelo acordo fechado, a Eletrobras ainda tinha que investir R$ 1 bilhão para construir 37 novas subestações.

Desconsiderando todo o patrimônio da Celg-D que já existia e avaliando só a dívida e os investimentos feitos a partir de 2012, a empresa não deveria ser vendida por menos de R$ 7,4 bilhões. “Esse é mais um crime contra o patrimônio público. O objetivo é vender a estatal pelo menor valor possível e transferir para o capital privado o patrimônio do povo, fortalecendo determinados grupos empresariais e políticos, perpetuando com isso a corrupção e troca de favores”, alerta o diretor do STIU-DF, José Edmilson.

Segundo o presidente da Eletrobras, o grupo empresarial que arrematar o leilão da Celg-D ainda vai assumir aquela dívida que a empresa tinha com a Eletrobras no valor de R$ 2,4 bilhões. Já os R$ 4 bilhões restantes, contraídos no acordo entre o governo federal e o governo de Goiás, certamente não serão restituídos.