Participantes de fundos de pensão, estudantes e dirigentes sindicais do STIU-DF participaram ao longo desta sexta-feira (27), do Seminário em Defesa do Direito à Previdência para Todos, organizado pela Fenae e Anapar. O evento foi em Brasília.

Na avaliação do diretor do STIU-DF, Arthur Caetano, a proposta de Golpista é um atentado brutal contra a classe trabalhadora. “Quase todos os dias a gente vê retirada de diretos dos trabalhadores. Enquanto isso, os mais ricos recebem anistia, incentivos e desonerações. Esse definitivamente não é um governo para a classe trabalhadora, mas para pessoas jurídicas. Ou seja, para os mais ricos. O momento exige união dos trabalhadores e trabalhadoras para que possamos lutar contra esse enorme retrocesso”, disse.

Segundo a pesquisadora da UFRJ, Denise Gentil, autora da tese de doutorado “A falsa crise na seguridade social”, os trabalhadores terão que trabalhar por mais tempo e ainda vão receber menos. Para ela, o objetivo de Temer Golpista com a proposta de reforma da previdência é destruir da seguridade social, na qual faz parte a previdência, e assim empurrar a população para os fundos privados.

Sobre os dados do governo de que a previdência é deficitária Denise contesta. “Se a previdência está quebrada, como dizem, como explicar a retirada de 30% dos recursos da previdência por meio da DRU? (Desvinculação das Receitas da União). Como é possível retirar dinheiro de onde não tem?”, questiona. Ou o governo admite de uma vez que não há déficit ou terá que encontrar outro argumento para explicar isso”, explica. Conforme Denise, o governo remanejou R$ 85 bi dos cofres da seguridade social por meio da DRU em 2015.

Denise classificou a proposta de Golpista de injusta, porque é leniente com os mais ricos e coloca nas costas dos trabalhadores todo o ônus da reforma. “O governo subestima a receita da previdência e superestima a despesa. No orçamento, o pagamento de benefícios da previdência alcança o percentual de 8%, enquanto que só o pagamento de juros para o sistema financeiro consome uma fatia de 42% de toda a riqueza do País. Além disso, divulga que a previdência teve déficit de R$ 149 bi, mas deixa de cobrar R$ 350 bilhões de dívidas das empresas. E desse montante, apenas 0,32% foram recuperados”, alerta.

Para Denise, as desonerações também são decisivas no comprometimento do caixa da previdência. Ela explica que ao desonerar as empresas, o governo deixa de arrecadar R$ 140 bilhões na contribuição patronal. “Esse valor é quase o déficit que o governo anunciou nesta semana”, disse.

 

Ajuste fiscal

 

O jornalista Luis Nassif criticou o ajuste fiscal de Joaquim Levy em 2015 e disse que o corte de gastos na despesa pública se baseou num erro que já tinha sido desmentido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em 2012. “Cortando gastos prejudica ainda mais a economia num cenário de recessão. Isso porque o desemprego está em alta e o consumo em baixa. Não vamos construir um país sem distribuição de renda. Então é preciso aquecer a economia e não jogar um balde de água fria”, disse.

À tarde, os palestrantes foram o mestre em Direito José Eymard, a deputada federal Érika Kokay (PT-DF), e a vice presidente da Anapar, Cláudia Ricaldoni.