Sindinorte reforça, mais uma vez, sua defesa da Eletronorte, contra qualquer iniciativa de privatização ou precarização de seus serviços.

Desde que o novo presidente da Eletrobras trouxe à baila o velho e recorrente discurso de recuperação da empresa com base na venda de ativos e redução de pessoal, sem nenhuma perspectiva de recomposição do quadro técnico que evadirá com os planos de demissão que virão, começa-se a temer uma possível e deliberada intenção de redução de investimentos do Grupo Eletrobras. A estratégia que pode estar se materializando é a de desvalorização e desmobilização das empresas estatais, para facilitar sua posterior venda a quem se habilitar a terminar o serviço de desativar instalações pouco rentáveis e manter somente o que dá lucro – não importando as consequências às populações menos favorecidas.

Faria parte dessa estratégia desmobilizar e, posteriormente, demitir as equipes especializadas, por serem as que têm maior custo, por força do trabalho que realizam em área de risco ou em finais de semana, por imposição da segurança do Sistema Interligado Nacional.

É natural projetar subestações mais eficientes, que possam ser remotamente assistidas, ou renovar o pessoal credenciado a trabalhar em situações de risco. Mas, isso deve ser feito de forma planejada, desde o projeto básico de uma subestação até o treinamento de pessoal novo, e não numa canetada de um Diretor. Caso contrário, a empresa vai se degradando enquanto novos trabalhadores/as vão sendo expostos a riscos mais elevados.

Mais grave ainda seria o caso em que fosse emitida uma ordem de gabinete para um corte mágico de 50% de horas-extras, 30% do adicional de periculosidade ou 7% do adicional de sobreaviso, quando se sabe que a maioria desses custos são inerentes ao serviço a ser desempenhado por um Grupo que é a maior empresa de geração e transmissão de energia elétrica do país.

Não acreditamos que um Grupo como o Sistema Eletrobras, ou uma empresa como a Eletronorte, cogite uma redução cega de certos custos realmente obrigatórios para o responsável e eficiente cumprimento de seus serviços.

Portanto, o Sindinorte espera que os gestores da Eletronorte, nesta estratégica reunião de trabalho, que começou no dia 13/02 e se estende até o dia 22/02, em Brasília, consigam avaliar os custos realmente necessários para manter a empresa operando com competência, eficiência e a devida segurança. Afinal, são os G1 os verdadeiros responsáveis pelos possíveis acidentes e pelas perdas financeiras.

Definidas as possíveis medidas responsáveis a serem tomadas, o Sindinorte solicita que haja uma reunião prévia com os dirigentes sindicais sobre o assunto, pois é muito importante, num processo como este, ouvir o lado de quem executa o serviço e coloca sua vida em risco: os trabalhadores/as.

COMISSÕES PARITÁRIAS DE CREDENCIAMENTO À ÁREA DE RISCO

Num momento seguinte, o Sindinorte insiste na recriação das comissões paritárias, específicas ao processo de credenciamento e descredenciamento de trabalhadores/as sujeitos ao trabalho em área de risco, como medida para evitar indevidas ingerências no processo.

Com as comissões paritárias, um lado equilibra o outro, tornando o processo muito mais transparente e com suscetibilidade praticamente nula a indicações questionáveis.

As comissões paritárias foram uma experiência de sucesso, motivo de orgulho para a Eletronorte. Os integrantes da comissão paritária percorreram as diversas dependências da empresa e consolidaram um levantamento de dados e fatos que subsidiaram a construção de um modelo de credenciamento, a identificação de zonas de risco, a qualificação de processos de proteção e procedimentos de segurança. Este trabalho foi reconhecido em vários fóruns como um exemplo de mitigação de riscos físicos, financeiros e empresariais.

 

A recomposição deste instrumento, na atual conjuntura, é essencial para que ambas as partes tenham um benefício direto. Esperamos que esta real possibilidade seja aproveitada para o bem da nossa Eletronorte.