Começou na manhã desta quarta-feira (19), no Hotel Nacional em Brasília, o Seminário Privatizar não é a Solução, realizado pelo Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE). Entidades sindicais de vários estados do Brasil, entre elas o STIU-DF, participam dos debates acontecem hoje e amanhã. O propósito é aprofundar as discussões para entender a consulta pública feita pelo ministério de Minas e Energia, sendo um dos objetivos da proposta privatizar as empresas do grupo Eletrobras.

O Seminário começou com relatos sobre experiências de privatizações nas empresas do grupo Eletrobras nos estados do Maranhão e Goiás.

Caso Cemar

Fernando Pereira, secretário de Energia da FNU e trabalhador da Cemar, empresa de distribuição de energia no Maranhão, destacou alguns números da empresa desde quando foi privatizada. Após 16 anos de privatização, quando foi vendida em 2000 por R$ 1 real, a Cemar obteve lucro de líquido de R$ 399 milhões. A receita da empresa no mesmo período foi de R$ 3,06 bi.

Enquanto os acionistas da Cemar receberam R$ 164 milhões no ano passado, os trabalhadores ganham apenas dois salários. Na outra ponta, a PLR dos diretores da empresa no período foi de R$ 750 mil para cada um.

“Desde que foi privatizada, mais de 2.300 empregados foram demitidos, reduzindo o quadro de trabalhadores em 18%. Cada vez mais as fileiras de desempregados estão aumentando no Maranhão, estado que tem os piores índice de IDH do País”, critica Fernando.

Caso Celg

Na Celg, após a privatização da empresa em fevereiro deste ano, o trabalhador e diretor do STIUEG, Eliomar Palhares, destacou que cerca de 100 a 150 devem ser demitidos.

Segundo Eliomar, os movimentos sociais estão com a clareza maior do que representa a privatização no setor elétrico do que a própria categoria eletricitária. Citou o aumento das tarifas e a má qualidade do serviço prestado à sociedade pelas empresas privadas. Também alertou aos demais trabalhadores que a luta contra a privatização precisa ser prioridade.

“Neste momento de ataques aos nossos direitos, precisamos desenvolver estratégias de luta contra a privatização, esse mal que nos atinge profundamente. Inclusive retirando os nossos empregos. Pelo que está acontecendo, não é só as empresas que serão privatizados, os trabalhadores também. A tendência é que todos virem autônomos”, disse se referindo ao desmonte de mais de 100 dispositivos da CLT.