Neste ano, em todo o Brasil, foram registradas 4.253 denúncias de assédio moral no Ministério Público do Trabalho. No Distrito Federal foram, até o final da semana passada, 61 denúncias, enquanto em todo o ano passado houve 76. Para muitos, o assédio moral é sinônimo de humilhação e uma ilegalidade dentro do ambiente de trabalho. O problema é recorrente dentro das empresas e deve ser denunciado.

Entre os piores casos registrados estão as revistas íntimas, desmoralizações públicas e sujeição a situações degradantes. O procurador do Trabalho Valdir Pereira da Silva explica que os números não correspondem à realidade porque a maioria dos trabalhadores teme perder seus empregos. E mesmo seus colegas temem testemunhar pelo mesmo motivo.

O trabalho do procurador é garantir que o ambiente corporativo seja o mais saudável possível. Ele diz que o assédio atinge o que é mais sagrado no ser humano, ou seja, a sua autoimagem.

Humilhações

Silva explica que na maioria dos casos os funcionários são vítimas de humilhações para atingir metas ou por puro sadismo. “Investigamos denúncias de empresas que colocam uma placa na parede com o nome dos funcionários mais lentos do mês.” Durante uma tarde, o procurador conversou com cinco funcionários de uma instituição financeira e descobriu que todos estavam frequentando psiquiatras.

Silva ressalta que o assédio moral é ilegal e inconstitucional. Ele cita a Constituição, onde está escrito que violar a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem gera indenização por dano material ou moral.

Segundo o procurador, as humilhações não partem apenas de cima para baixo. Quando o assédio é horizontal, é comum trabalhadores tentarem derrubar os colegas, visando poder dentro da empresa. De baixo para cima, quando funcionários se unem para assediar o patrão, é mais raro.

(Fonte: Pedro Wolff, Jornal de Brasília, 20.09.10)